Archive for the ‘Pós-modernidade’ Category

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A Puta Sagrada

agosto 6, 2008

Nessa história não tem detetive. Nem mocinho. é tudo safado, não bandido. Safado sim. Porque todo mundo é safado. Sacanagem pura.

Cherry

Eu conheci muita gente como Cherry, loucos e estúpidos, alcoólatras e junkies de todo o tipo. Mas ninguém tão devasso. Ela chegou como se não quisesse nada, mas foi já enchendo a cara e falando besteira. Dançou em cima do sofá. eu não me importei. fiz tudo pra não me importar.

Até que ela começou a vomitar.

Quando me aproximei para ajudá-la ela foi animalescamente rude e baixa. Levantou o vestido, puxou a calcinha e começou a enlouquecer gemendo. Foi o bastante. Ela ficou gritando o meu nome, ela sabia que eu a amava. Para que aquilo tudo? Tudo estava acabado. Começou a berrar e a chorar. Eu não pude parar. Cada um na sua agora.

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Leca

Eu deveria estar louco quando conheci a Leca. Mas não tão louco quanto ela me deixou depois. Deixei-me levar. A culpa com certeza não foi dela. Eu estava simplesmente entregue àquela corrupção e obsessão. Algo psicótico. Todos os desejos adolescentes vinham à tona, todas as posições que eu nunca pensei em objetivar com minha esposa.

Foi tolice de minha parte pensar que algo poderia terminar bem naquele contexto. Eu vi o demônio sentado sobre o meu pênis e ele pedia a boceta de Leca.

Por Leca eu vendi a vida de muitos e a minha continua ainda esta noite escrevendo. Mas quem escreverá o final desta história quando eu decidir o que fazer?

Com certeza Fausto foi bem mais inteligente.

Na Rua Velha ficavam algumas das putas mais belas. Com certeza eu adorava a tal da Pauline, mas um dia sem motivo ela sumiu, sem deixar rastro entre as outras putas. Cacei a melhor para substituí-la, pois Pauline realmente possuía uma beleza surpreendente. Era uma morena linda, pele parda, boca desenhada com perfeição, como se por um poeta das telas sagradas dos deuses do Olimpo. Seus olhos eram mais negros que a densa noite. E seus gemidos eram mais lânguidos e voluptuosos que o som das águas seguindo seu curso até o mar.

Mas a noite não escondeu a beleza daquela pele, aquela suavidade ao tocar o cigarro, ao soltar a fumaça, como quem simplesmente brinca com o câncer que entra, como uma criança soprando bolas de sabão. Aquela pele branca, aqueles cabelos curtos, aquelas unhas perfeitas, grandes e perfeitas. A boca rósea, a pele pálida, um crucifixo, uma tatoo desenhada na pele com a imagem de uma fada segurando a foice da Morte. Aqueles allstars, aquela saia curta, preta, aquelas meias brancas, aquela blusa preta com o nome tédio estampado. Olhos negros, os mais negros, mais negros que a densa noite, e muito mais. Era como olhar um precipício, um abismo onde não poderia haver nem sequer a remota idéia de profundidade. Uma beleza obscura.

Perguntei à Celine quem era.

– Ah, ela é nova – falou soltando a fumaça do cigarro na minha cara. Mesmo par Amim que fumo isso é uma coisa totalmente idiota. – Ela só sai com quem acha atraente ao modo dela, não entendi os padrões dela ainda. Nunca tinha visto uma puta fazer tanta pose pra foder. Afinal se fode aqui por dinheiro, não é? Ninguém quer começar um namoro aqui.

O nome dela? Leca.

Pois é. Claro que me aproximei e fui logo me apresentando, sem muita cerimônia, acendi um cigarro e bati um papo, ela estava realmente com a camisa certa, parecia estar muito entediada e tinha um ar superior, um olhar que parecia fugir da simples gentileza.

Daí, fui logo descartando a possibilidade de um entendimento e pedi logo o programa, o preço, era bem simples, ela calou-se e eu fui dando o meu, ela me olhou, meio surpresa pelo valor oferecido, mas sabia que valia mais que aquilo, uma beleza como aquela não deveria esta ali, exposta naquela vitrine vulgar.

Antes de tudo ela pediu uma bebida, estávamos bem acomodados, era um bom bar, afinal numa rua como aquela havia muitos bares. O mais tentador em tudo aquilo era ter que causar uma boa impressão numa puta. Foi ali que pensei que nem todo homem tem coragem o suficiente para sair com uma puta. É preciso ter certo caráter para se passar por isso e eu ali, já não sabia nada do meu caráter. Fui bebendo e fumando e soltando palavras com a fumaça e tudo e ela também conversava, não tão fechada como antes, mas ainda com aquele ar superior, aquela pose de alta classe. Olhar nos seus olhos era como olhar para a Medusa, era a perdição. Quantos homens não se apaixonariam por Leca?

Ninguém sabia sua idade. Não se pergunta muita coisa a uma puta. Quer-se só foder. Para que mais. Tempo é dinheiro! E puta gosta de dinheiro.

Leca era da noite há três anos. Já tinha ponto certo, fixo, diferente do começo difícil. Primeiro a grana. Depois o costume de estar na noite, depois veio o gosto pela foda. Aí fodeu! P´ra largar só desintoxicando e a moça não queria. Grana fácil o caralho. Vocês acham que ser puta é fácil? Vida fácil uma porra!

Ah, ela gostava de algumas fodas. Ela gostava de chupar, de dar aquele cu e aquela boceta.

Eu era um cliente daqueles que querem a mesma puta sempre. Estava satisfeito com Leca. Até que veio aquela noite… Onde descobri ser um ser com desejos estranhos, mórbidos.

Leca nunca tinha feito o tipo pura. E talvez por isso tenha sido mais forte que qualquer outra.

Com 13 ela já havia perdido a virgindade com o primo dela. Ela me contou muito sobre a sua vida. O meu erro foi ouvir tudo aquilo.

Ela visitou todos os meus desejos. Lembro de quando eu disse que tinha muito tesão em ver uma garota urinando e lá foi ela. Pediu para sair do carro e ali, no meio do asfalto, abriu as pernas e foi afastando a calcinha coms os dedos. O farol do carro iluminando toda aquela boceta… Que cena!

Leca era a tentação vestida, com carinha de anjo. E a boceta mais perfeita.

Continua…

Próximo: A noite da primeira morte

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O corvo

agosto 6, 2008

O corvo

O corvo olhou a janela e varou o espaço. Não havia ninguém na casa. Ele poderia se acomodar. Subiu. Passeava pelas madeiras que sustentavam o teto. A casa estava abandonada há muito. O corvo pousou na mesa empoeirada, e rapidamente ergueu daquele corpo uma sombra, um outro ser, e o corvo se desfez naquela outra criatura. A poeira se espalhava, mas não incomodava. As teias de aranha eram mais incomodas. E as lágrimas começavam a cair.

Era esse o grande infortúnio do corvo: a noite, as sombras e as sobras. Em uma outra vida, onde nada além daquela casa restara, havia felicidade. Como um vulto ganhou a noite e partiu para as sombras do cemitério, para amar a morte, a saudade, os restos de sua amada. Corvo e sombra de uma vida que não voltaria.

Autor: Josi Vice

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Loucura minha

agosto 6, 2008

Loucura minha

Se fui colecionando decepções

ponho tudo no mesmo prato e vou comendo
Aí bebo um copo de loucura, embriaguez e narcisimo
Então vou dançando na chuva

Brincando de ser menino

Eu sozinho sou maior que o seu mundinho

Eu prefiro o tédio a ter que fingir estar bem ao lado desses ratos

Eu não deixo encantar por flautas

Prefiro a guitarra queimando em chamas louras

Enquanto a minha sordidez me deixa feliz

Uma boa conversa, poesia,

os negros cantando loucamente nos telhados

E a fumaça crescendo

Ela falando de platonismo eu sentindo por ela

Ela sorrindo e o carro partindo

Enquanto a minha tristeza, por não tê-la outra vez mais, me deixa feliz

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Down now

agosto 4, 2008

Tenho andado down

Cabeça baixa

Vendo vultos

Sentindo meus sentidos asfixiarem

É que sinto que estou apaixonado novamente

Estou viciado e ansioso

Estou intolerante

Nem sequer consigo preservar algum talento

E borro a paisagem pura do silêncio

q penso em te tocar

Mas não quero manchar tua beleza

Tolice a minha

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O suicídio de Thomas Levy

agosto 1, 2008

Joguei a merda no ventilador, para ver que merda acontecia. Simplesmente era o que tinha a fazer. Mas não pude ver nada. Nem sei. Não sei nada. Foi um único golpe. Eu morri, agora atravesso o rio ao lado de Caronte. Fodeu. Dei um tiro na minha cabeça.

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Caronte (em grego, Χάρωνo brilho) é uma figura mitológica do mundo inferior grego (o Hades) que transportava os recém-mortos na sua barca através do rio Aqueronte até o local no Hades que lhes era destinado. Era costume grego colocar uma moeda, chamada óbolo, sob a língua do cadáver, para pagar Caronte pela viagem. Se a alma não pudesse pagar ficaria forçosamente na margem do Aqueronte para toda a eternidade, e os gregos temiam que pudesse regressar para perturbar os vivos.