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Vírus

novembro 23, 2009

Vírus

Ei! Acorde! Para onde está indo? Pare de olhar pela janela, não há nada lá fora, só um potencial adormecido, dormente. Pensa que está a salvo na sua cama? Quem sabe diante da televisão. Mas e a sua mente?
Eis a jovem que se acorda pela primeira vez sentindo-se louca. Não uma barata, um inseto como em Kafka, mas acometida de uma loucura sem identidade interior e anterior, sentindo-se completamente nua, exposta. Mas só, como de uma solidão devastadora.
Primeiro era tédio, mal estar, náusea, cansaço, mas hoje, é loucura. Uma infecção, um vírus tomado os pensamentos.
– Bom dia, mãe.
Algo bem mecânico de dizer todos os dias. Até perder o sentido completo.
– Bom dia, filha. Dormiu bem?
– É, mais ou menos.
Lava o rosto, escova os dentes, é o começo de mais um dia, mais um, um dia que não precisava dela para acontecer e só agora, louca, ela pensava isso. Sentiu essa dor pela primeira vez.
– Que porra é essa na minha cabeça?
´´ Hoje eu abri os olhos.“ – pensa ela diante do espelho com os olhos avermelhados, arregalados. ´´ Quem sou eu além dessa realidade?“.
O que é ser? Não pode ser uma pergunta tão difícil, todo homem deveria saber. Segundo Sartre o homem está condenado a ser livre. ´´ Essa eu nunca entendi! “
Ainda somos outros, o veneno que nos vai aniquilando vem de nós mesmos. A prisão máxima é a visão do outro. Engana-se quem pensa que é o corpo ou grades. O corpo nos propicia.
O símbolo dos novos homens, dos homens livres, é o cavalo selvagem, que derruba seu dono, arrastando-o, fazendo-o conhecer o perigo da morte e a fúria animal.
Seremos nós mesmos ou a filosofia dos dominadores? Sou apóstolo da escolha, pois a escolha é liberdade, Sartre tinha razão. Sou da rebelião apostólica, a minha causa é a vida; o bem, a carne. A matéria não é tudo, o espiritual não existe.
Cristianismo, budismo, Meditação Transcendental, Iluminismo, Perfect Liberty, Hinduísmo… O ser é a razão. Foi o que as religiões me ensinaram. Agradeço e repudio todas. Eu sou templo do espírito santo, mas dizem que não sou o próprio, que blasfêmia não é perdoada, eu sou um, meu corpo sou eu.
Abster-se é um erro. A espiritualidade é vaga. Sem o êxtase a carne não é nada. O superior não dá a face, o superior só é superior por amar a si próprio e escolher diante do nada o que abraçará. A humanidade não é uma influência, pois quem é superior é livre e está só. O prazer é o paraíso, o éden e a sua nudez, a natureza.
Falta de conhecimento é fraqueza e com o fraco devo procurar a força. Não posso ser convencida. A solidão é um erro para o aprendizado experimental, o poder nasce da união das fraquezas, mas nunca um guiará o outro. A leviandade humana está em se deixar guiar.
O conformismo é um nojo. O superior age e reage. Os novos horizontes não são domínios e sim passagens. O passado não abaterá, mas fará sorrisos.
Somos como engrenagens deste mundo. Elevar-se, ser, sem transcendentalismos divinos. Morrer não intimida quem sabe que todo dia é dia de viver e vive.
O sistema sempre foi corruptível e sempre somos usados, mas há agora tempo para sermos ousados. Tudo o que nos controla nos controlará para sempre, a não ser que reajamos. Se não houver em nós um pouco de fúria, libertinagem e força de vontade para subverter as crenças, estaremos longe de ser verdadeiramente firmes.
A única verdade é o ser e a rebelião é o início da nossa consciência. A face dada é um vestígio de ignorância. Não queremos o cão. Pois amamos o lobo. Não há nada que supere o homem que se escolhe. E esse homem vê a sua existência impacífica sob o futuro do desejo do esquecimento. Querendo somente o esquecimento da sua semelhança, da sua fragilidade; esquecendo-se do amor.
´´ Não digo coisa alguma, calo-me e assim persisto e prossigo. “ – é como se porta o homem que acorda ciente do caos glorioso que precede a existência, pois só a escolha que dá uma nova ordem para um novo caos. O caos nunca é o mesmo.

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Rebelde ou Um Poema Ruim

novembro 13, 2009

Rebelde
ou Um Poema Ruim

Por tudo dai graças
E eu não dou
Se a tua fé for do tamanho de um grão de mostarda
e a minha não é

Não espere que eu seja educado
Eu leio Ginsberg e cuspo na rua
eu urino nas paredes no carnaval
Eu chuto pedra
eu ouço Cazuza
eu choro e não choro e choro e não choro
eu jogo cigarro no chão
Do natal eu só gosto da ceia
Eu não gosto de São João

Faz tempo que não leio
Não estudo e sem receio
solto sempre palavrão
Para muitos sou decepção

Cuido bem dos meus vícios
Podo tudo com capricho
e depois relaxo sem sacrifício
Eu ainda paro no hospício de tanta ingratidão
Mas eu não paro
Eu sou rebelde e sou feliz assim
Ponto final fim

Josi Vice