Posts Tagged ‘Josi Vice’

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Música sem som

dezembro 7, 2008

Música sem som

Eu quero sofrer
Eu quero cair dentro dessa tormenta
Eu quero ser único para você
Esse amor é como uma febre
E eu sei que nunca mais estarei curado
E me sinto muito bem por isso
Não quero um remédio
Não quero deixar de sentir esse calor
Não quero deixar de ser abraçado por esses braços em fogo gelado
é assim que eu sinto o amor
é assim que eu quero permanecer
Eu te amo
Você é minha febre
Minha vontade de viver

Josi Vice

A Dayana

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Tentação

agosto 13, 2008

Tentação

Tentações existem para nos confrontar
Para nos dar um pouco de excitação
E valor, porque é depois de uma tentação
que um homem sabe se é forte ou não
Eu cedo à tentação
Eu caio e gosto
Sinto prazer em ceder Econtro meus desejos abertos
Eles se fecham em volta de mim
E me seduzem e me tomam
Devoram minha pele
Chupam-me e vão me deixando nu
As tentações querem a nudez total
A exposição, alimentar-se da fraqueza e crescer
E eu quero crescer dentro de ti
Quero te devorar a pele
Deixar-te vulnerável
à flor da pele, entregue
Tentando não ceder, mas cedendo cada vez mais
Pois as tentações às vezes são boas demais

Josi Vice

michael avran

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O Velho e o Diabo

agosto 9, 2008

O Velho e o Diabo

Chamou o diabo. Puxou a faca pensou na melhor forma de fazer aquilo ser menos doloroso.
O diabo demorava. A coragem dava lugar a perguntas e receios. Lembranças do que poderia ser vivido. Nunca lembranças de alguém, não achava que tinha alguém. Nunca teria alguém.
Que demora. O diabo tarda e às vezes até falha. Que demora
Ô, infeliz!
acendeu um cigarro, ainda tinha tantos cigarros no maço, que pensou em fumar mais alguns antes de morrer.
Um suicida num lugar daquele. Nunca se via um suicida num lugar assim. Só se fosse um enforcado, mas alguém pensando em tristezas além de fome, sede, seca, falta de água e alimentação, falta de educação… não, ali isso era lenda. Coisa de cidade grande.
Mas era difícil de definir mesmo o que estava lá dentro, amassado, travado, como se fosse um caroço, sei lá o que.
O diabo é mesmo um cara muito desligado, ou eu não sirvo nem sequer pro diabo?
Ai, a vida dói. Não só pela seca, não só pela fome, não só pela poeira, não só por ser pobre, não só por estar só, entregue à solidão, solidão simples, não por querer. Ela se foi. Pra isso o diabo serviu, levou ela de mim. Mas não foi doença. Foi mesmo traição. Outra pessoa.
E o diabo demora. Não respeita nem sequer um moribundo. Ah, filho da…
Se eu fosse deus eu matava o miserável.
Mas se eu fosse deus muita coisa seria outra coisa.
Ou seria pior?
Hum…
Acho que vou fumar mais um cigarro enquanto o capeta não chega.

Ah… Porra! Já fumei, perdi parte da coragem e nada do diabo…

Noite adentro, sem menos esperar, já cochilando, com um único cigarro a ser devorado em tragos, foi que ele apareceu, com um matinho na boca, olhando aquele senhor, triste criatura. Nem eu deveria querer esse desgraçado. Mas se assim é, que seja.

Acordou o homem, que enfiou a faca no ventre do diabo.

Opa, quem és?

Tanto chamou. aqui estou

É, está mesmo. Nada lhe fez a faca.

Ah, sim. Mas o que queres? Vai mesmo dar cabo da tua vida?

Pois é, satan. Viver é sofrimento para valentes. Eu sou por demais covarde.

Mas e deus? Nele não crês?

Ah, deus… se estás aqui é porque ele existe, mas ainda há muitas perguntas a fazer. Por exemplo, por que você demorou e apareceu e deus nunca aparece?

Ah, meu erro foi fabricar respostas sem perguntas e perguntas sem respostas. O erro dos homens vêm da teimosia em fazer dúvidas. Para quê? Por que não vives somente?

Ah, não me chateia diabo, queres ser santo agora?

Tosse.. Tosse… Acendeu mais um cigarro e prestou atenção no diabo que olhava em volta, como se incomodado.

Mas que diabo é esse? Ele se veste como se tivesse no lugar errado. Dizem queo diabo se pinta como é pensado, mas eu nunca pensei no diabo assim. Pensem no diabo que vocês pintam e como seria um diabo estranho. É algo difícil de pensar?

Só tenho mais esse cigarro pra decidir pela vida e pela morte. O que diz tu, diabo?

Eu? Ah, nada não. O diabo não tem muito pra falar. Vocês homens que falam demais.

Pois é. Fuma?

Ah, não. Tô tentando parar.

Ah, diabo, vai pro inferno que lá não quero ir pra ter que ir ficar vida morta num lugar onde até o diabo virou covarde!

Calma, homem. Mas diz aí a finalidade da tua morte?

Sei lá, diabo. O mundo não é suficiente. A vida não é suficiente. O sol queima demais. O homem mente demais. A vida não me é amena. Eu desisto de tentar qualquer coisa e até mesmo a morte parece me escapar nesse momento onde eu só quero…

Engasgou, emudeceu… E pôs-se a chorar. Assim de repente.

O diabo vendo aquilo olhou a criatura e disse. Olha só, vou te deixar só, porque você precisa pensar muito e nada melhor pra chamar a morte que a solidão. Enfim, nada tenho eu pra ganhar contigo se não queres nada além de perecer e vaguear.

Vou-me!

E assim foi o diabo entre a fumaça.

Não deixou nem um cigarro e nem sequer houve finalidade em sua visita.

A verdade, moços, é que não se deve pensar em finalidades. O que dizer de nada? O que explanar sobre tudo?

A verdade é um velho que chama o diabo e o perde em meio a tanta conversa.

Não espero nada, nem do verso nem da escrita. Na prosa eu me perco em pensamento, pois o diabo me dá o sono e a poeira nos olhos para que não haja nada a ver, nada a dizer, além de cigarros e tosse.

Josi Vice

baphomet

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Ceia de Natal.

agosto 9, 2008

Ceia de Natal

Para mim já não importa a multidão, pois os meus caminhos são os mesmos dos outros que irão morrer. Eu caminho na mesma direção das outras pessoas. Não importa o motivo. sei que caminhamos todos. Eu carrego vermes, ando sobre o pó da terra e rastejo no meu sono.

Só que eu não fujo do demônio nem me ausento dos pecados, eu sou um homem que não reclama. A cruz não me pesa, pois não há cruzes em meu caminho além dos desenhos e imagens. Os cristãos que vêem cruzes demais.
Lúcifer vem à minha mesa, é ceia de natal.

Eu digo: não há Lúcifer!

E Lúcifer diz: não há poeta!

E o poeta diz: não há Deus!

Quem é o poeta? Quem é Lúcifer? Quem é Deus?

E caminho até a porta, abro-a e espero que Lúcifer se retire. Mas não. Eu então me retiro.

Antes deixar o diabo a minha mesa e abandonar a casa do que ceiar com ele.

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31 de dezembro de 2007

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Diário de um rockeiro

agosto 6, 2008

A gente deve entender tudo. O rock não me levará ao céu, nem a um paraíso terreno. O importante é que me rende uma visão de mundo onde o bem e o mal não funcionam da mesma forma como que para uma poessoa normal, principalmente agregando valores libertários e ao mesmo tempo uns valores bastante fascistas a minha vida.

Nunca mais a vida foi a mesma.

Eu vi muita coisa errada e muita coisa que eu fiz pode ser encarado como politicamente, moralmente e eticamente incorreto. Principalmente religiosamente incorreto. A pose do rock ainda fere muito mesmo.

Em casa a vida é levada com combates pequenos que não acrescentam muito.

Eu não saberia viver de outro modo. Sou um opersonagem qualquer de uma trama há muito conhecida de jovens que perderam a noção de sociedade e de maniqueísmo.

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A Puta Sagrada

agosto 6, 2008

Nessa história não tem detetive. Nem mocinho. é tudo safado, não bandido. Safado sim. Porque todo mundo é safado. Sacanagem pura.

Cherry

Eu conheci muita gente como Cherry, loucos e estúpidos, alcoólatras e junkies de todo o tipo. Mas ninguém tão devasso. Ela chegou como se não quisesse nada, mas foi já enchendo a cara e falando besteira. Dançou em cima do sofá. eu não me importei. fiz tudo pra não me importar.

Até que ela começou a vomitar.

Quando me aproximei para ajudá-la ela foi animalescamente rude e baixa. Levantou o vestido, puxou a calcinha e começou a enlouquecer gemendo. Foi o bastante. Ela ficou gritando o meu nome, ela sabia que eu a amava. Para que aquilo tudo? Tudo estava acabado. Começou a berrar e a chorar. Eu não pude parar. Cada um na sua agora.

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Leca

Eu deveria estar louco quando conheci a Leca. Mas não tão louco quanto ela me deixou depois. Deixei-me levar. A culpa com certeza não foi dela. Eu estava simplesmente entregue àquela corrupção e obsessão. Algo psicótico. Todos os desejos adolescentes vinham à tona, todas as posições que eu nunca pensei em objetivar com minha esposa.

Foi tolice de minha parte pensar que algo poderia terminar bem naquele contexto. Eu vi o demônio sentado sobre o meu pênis e ele pedia a boceta de Leca.

Por Leca eu vendi a vida de muitos e a minha continua ainda esta noite escrevendo. Mas quem escreverá o final desta história quando eu decidir o que fazer?

Com certeza Fausto foi bem mais inteligente.

Na Rua Velha ficavam algumas das putas mais belas. Com certeza eu adorava a tal da Pauline, mas um dia sem motivo ela sumiu, sem deixar rastro entre as outras putas. Cacei a melhor para substituí-la, pois Pauline realmente possuía uma beleza surpreendente. Era uma morena linda, pele parda, boca desenhada com perfeição, como se por um poeta das telas sagradas dos deuses do Olimpo. Seus olhos eram mais negros que a densa noite. E seus gemidos eram mais lânguidos e voluptuosos que o som das águas seguindo seu curso até o mar.

Mas a noite não escondeu a beleza daquela pele, aquela suavidade ao tocar o cigarro, ao soltar a fumaça, como quem simplesmente brinca com o câncer que entra, como uma criança soprando bolas de sabão. Aquela pele branca, aqueles cabelos curtos, aquelas unhas perfeitas, grandes e perfeitas. A boca rósea, a pele pálida, um crucifixo, uma tatoo desenhada na pele com a imagem de uma fada segurando a foice da Morte. Aqueles allstars, aquela saia curta, preta, aquelas meias brancas, aquela blusa preta com o nome tédio estampado. Olhos negros, os mais negros, mais negros que a densa noite, e muito mais. Era como olhar um precipício, um abismo onde não poderia haver nem sequer a remota idéia de profundidade. Uma beleza obscura.

Perguntei à Celine quem era.

– Ah, ela é nova – falou soltando a fumaça do cigarro na minha cara. Mesmo par Amim que fumo isso é uma coisa totalmente idiota. – Ela só sai com quem acha atraente ao modo dela, não entendi os padrões dela ainda. Nunca tinha visto uma puta fazer tanta pose pra foder. Afinal se fode aqui por dinheiro, não é? Ninguém quer começar um namoro aqui.

O nome dela? Leca.

Pois é. Claro que me aproximei e fui logo me apresentando, sem muita cerimônia, acendi um cigarro e bati um papo, ela estava realmente com a camisa certa, parecia estar muito entediada e tinha um ar superior, um olhar que parecia fugir da simples gentileza.

Daí, fui logo descartando a possibilidade de um entendimento e pedi logo o programa, o preço, era bem simples, ela calou-se e eu fui dando o meu, ela me olhou, meio surpresa pelo valor oferecido, mas sabia que valia mais que aquilo, uma beleza como aquela não deveria esta ali, exposta naquela vitrine vulgar.

Antes de tudo ela pediu uma bebida, estávamos bem acomodados, era um bom bar, afinal numa rua como aquela havia muitos bares. O mais tentador em tudo aquilo era ter que causar uma boa impressão numa puta. Foi ali que pensei que nem todo homem tem coragem o suficiente para sair com uma puta. É preciso ter certo caráter para se passar por isso e eu ali, já não sabia nada do meu caráter. Fui bebendo e fumando e soltando palavras com a fumaça e tudo e ela também conversava, não tão fechada como antes, mas ainda com aquele ar superior, aquela pose de alta classe. Olhar nos seus olhos era como olhar para a Medusa, era a perdição. Quantos homens não se apaixonariam por Leca?

Ninguém sabia sua idade. Não se pergunta muita coisa a uma puta. Quer-se só foder. Para que mais. Tempo é dinheiro! E puta gosta de dinheiro.

Leca era da noite há três anos. Já tinha ponto certo, fixo, diferente do começo difícil. Primeiro a grana. Depois o costume de estar na noite, depois veio o gosto pela foda. Aí fodeu! P´ra largar só desintoxicando e a moça não queria. Grana fácil o caralho. Vocês acham que ser puta é fácil? Vida fácil uma porra!

Ah, ela gostava de algumas fodas. Ela gostava de chupar, de dar aquele cu e aquela boceta.

Eu era um cliente daqueles que querem a mesma puta sempre. Estava satisfeito com Leca. Até que veio aquela noite… Onde descobri ser um ser com desejos estranhos, mórbidos.

Leca nunca tinha feito o tipo pura. E talvez por isso tenha sido mais forte que qualquer outra.

Com 13 ela já havia perdido a virgindade com o primo dela. Ela me contou muito sobre a sua vida. O meu erro foi ouvir tudo aquilo.

Ela visitou todos os meus desejos. Lembro de quando eu disse que tinha muito tesão em ver uma garota urinando e lá foi ela. Pediu para sair do carro e ali, no meio do asfalto, abriu as pernas e foi afastando a calcinha coms os dedos. O farol do carro iluminando toda aquela boceta… Que cena!

Leca era a tentação vestida, com carinha de anjo. E a boceta mais perfeita.

Continua…

Próximo: A noite da primeira morte

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Loucura minha

agosto 6, 2008

Loucura minha

Se fui colecionando decepções

ponho tudo no mesmo prato e vou comendo
Aí bebo um copo de loucura, embriaguez e narcisimo
Então vou dançando na chuva

Brincando de ser menino

Eu sozinho sou maior que o seu mundinho

Eu prefiro o tédio a ter que fingir estar bem ao lado desses ratos

Eu não deixo encantar por flautas

Prefiro a guitarra queimando em chamas louras

Enquanto a minha sordidez me deixa feliz

Uma boa conversa, poesia,

os negros cantando loucamente nos telhados

E a fumaça crescendo

Ela falando de platonismo eu sentindo por ela

Ela sorrindo e o carro partindo

Enquanto a minha tristeza, por não tê-la outra vez mais, me deixa feliz

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Clarence

agosto 4, 2008

O suicídio não é uma aventura. O suicídio é um fim. Mas Clarence não queria o fim. Para ela era um meio de alcançar a sim mesma escolhendo a própria morte.

Já eu lembro-me de não ser o melhor amigo do meu pai. Nunca fui o melhor amigo, nunca fui o melhor amante, nunca fui a paixão, o grande amor, o herói de alguém. Nunca fui o bom filho nem o neto amado.

Lembro-me de criar situações, amores, tentando me encaixar. Não sei deixar de ser egoísta, fingido, dissimulado, dissimulado, uma anedota, um jogo de tédio.

Lembro-me da ausência do meu pai, do autoritarismo da minha mãe, da minha revolta, das revistas pornôs, de ir me descobrindo sexualmente de forma solitária e libertina.

Lembro-me de querer andar como meu pai, ser forte e bom em tudo como ele. Lembro-me do medo de me perder na multidão. Heróis caem e meu pai não é mais meu herói. Nem o conheço muito.

Sempre tive um relacionamento tenso com minha mãe. Horas determinadas, ler obrigatórias, gritos, xingamentos, poucas saídas, desconfiança, castigos, surras, marcas, raiva, ódio, mágoa, rancor, solidão, frustração.

Sempre enfilirei meus amigos, classificando-os de acordo com uma classificação especial. Mas eu imagino que nunca fui o melhor amigo de alguém. Deveras.

Lembro-me de ir crescendo, de ir caindo, até ir levando a vida com interesses, intenções, desconfiando de tudo, assustado, agitado, nervoso, sem habilidade.

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Sejam bem-vindos

agosto 1, 2008